segunda-feira, 23 de junho de 2008

O amor como meio, não como fim!



- É hora de substituir o ideal romântico do amor que basta em si mesmo (por isso não dura) por uma relação que traga crescimento individual.

Há algo de errado na forma como temos vivido nossas relações amorosas. Isso é fácil de ser constatado, pois temos sofrido muito por amor. Se o que anda bem tem que nos fazer felizes, o sofrimento só pode significar que estamos numa rota equivocada. Desde crianças, aprendemos que o amor não deve ser objeto de reflexão e de entendimento racional; que deve ser apenas vivenciado, como uma mágica fascinante que nos faz sentir completos e aconchegados quando estamos ao lado daquela pessoa que se tornou única e especial. Aprendemos que a mágica do amor não pode ser perturbada pela razão, que devemos evitar esse tipo de "contaminação" para podermos usufruir integralmente as delícias dessa emoção – só que não tem dado certo. Vamos tentar, então, o caminho inverso: vamos pensar sobre o tema com sinceridade e coragem. Conclusões novas, quem sabe, nos tragam melhores resultados.

Vamos nos deter em apenas uma das idéias que governam nossa visão do amor. Imaginamos sempre que um bom vínculo afetivo significa o fim de todos os nossos problemas. Nosso ideal romântico é assim: duas pessoas se encontram, se encantam uma com a outra, compõem um forte elo, de grande dependência, sentem-se preenchidas e completas e sonham em largar tudo o que fazem para se refugiar em algum oásis e viver inteiramente uma para a outra usufruindo o aconchego de ter achado sua "metade da laranja". Nada parece lhes faltar. Tudo o que antes valorizavam – dinheiro, aparência física, trabalho, posição social etc. – parece não ter mais a menor importância. Tudo o que não diz respeito ao amor se transforma em banalidade, algo supérfluo que agora pode ser descartado sem o menor problema.

Sabemos que quem quis levar essas fantasias para a vida prática se deu mal. Com o passar do tempo, percebe-se que uma vida reclusa, sem novos estímulos, somente voltada para a relação amorosa, muito depressa se torna tediosa e desinteressante. Podemos sonhar com o paraíso perdido ou com a volta ao útero, mas não podemos fugir ao fato de que estamos habituados a viver com certos riscos, certos desafios. Sabemos que eles nos deixam em alerta e intrigados; que nos fazem muito bem.

De certa forma, a realização do ideal romântico corresponde à negação da vida. Visto por esse ângulo, o amor é a antivida, pois em nome dele abandonamos tudo aquilo que até então era a nossa vida. No primeiro momento até podemos achar que estamos fazendo uma boa troca, mas rapidamente nos aborrecemos com o vazio deixado por essa renúncia à vida. A partir daí, começa a irritação com o ser amado, agora entendido como o causador do tédio, como uma pessoa pouco criativa e desinteressante. O resultado todos conhecemos: o casal rompe e cada um volta à sua vida anterior, levando consigo a impressão de ter falido em seus ideais de vida.

Os doentes acham que a saúde é tudo. Os pobres imaginam que o dinheiro lhes traria toda a felicidade sonhada. Os carentes – isto é, todos nós – acham que o amor é a mágica que dá significado à vida. O que nos falta aparece sempre idealizado, como o elixir da longa vida e da eterna felicidade.

Diariamente, porém, a realidade nos mostra que as coisas não são assim, e acho importante aprendermos com ela. Nossas concepções têm de se basear em fatos, nossos projetos têm que estar de acordo com aquilo que costuma dar certo no mundo real. Fantasias e sonhos, ao contrário, têm origem em processos psíquicos ligados à lembranças e frustrações do passado. É importante percebermos que o que poderia ser uma ótima solução aos seis meses de idade, como voltar ao útero materno, será ineficaz e intolerável aos 30 anos. A bicicleta que eu não tive aos 7 anos, por exemplo, não irá resolver nenhum dos meus problemas atuais. É preciso parar de sonhar com soluções que já não nos satisfazem a adaptar nossos sonhos à realidade da condição de vida adulta.

Se é verdade, então, que o amor nos enche de alegria, vitalidade e coragem – e isso ninguém contesta –, por que não direcionar essa nova energia para ativar ainda mais os projetos nos quais estamos empenhados? Quando amamos e nos sentimos amados por alguém que admiramos e valorizamos, nossa auto-estima cresce, nos sentimos dignos e fortes. Tornamo-nos ousados e capazes de tentar coisas novas, tanto em relação ao mundo exterior como na compreensão da nossa subjetividade. Em vez de ser um fim em si mesmo, o amor deveria funcionar como um meio para o aprimoramento individual, nos curando das frustrações do passado e nos impulsionando para o futuro. Casais que conseguem vivê-lo dessa maneira crescem e evoluem, e sob essa condição seu amor se renova e se revitaliza.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Excessos

A paixão é a maior culpada pelos excessos. Quanto mais apaixonado, mais tomado pela situação você fica.

Não estou falando somente de paixões interpessoais, mas de várias paixões que temos no decorrer da vida e vendo por esse lado sabemos que temos uma vida cheia de excessos.

Certa vez ouvi de um senhor uma frase que mexeu muito comigo “Tudo na vida tem que fazer parte e não tomar parte”. Se você entender que quando algo em sua vida toma parte provavelmente você está dentro de um excesso.

Tenho meus excessos não vou negar, mas quem não tem. O maior problema dos excessos é quando você o faz e ainda gosta muito, mesmo sabendo que não trará nenhum benefício para sua vida.

A paixão e o excesso são incrivelmente similares, geralmente as pessoas têm paixões pelo trabalho, por algum esporte, por beber, por balada ou por si mesmas. Essas paixões normalmente se confundem e viram naturalmente excessos.

Não entendo o excesso como pecado, gosto de pensar como se fosse um tempero, uma vida regrada pode se tornar um tédio, mas talvez alguns bons excessos deixe tudo um pouco mais colorido.

Espero que na teoria da vida muitas coisas façam parte da trajetória de nosso destino e cuidadosamente espero alguns excessos pela frente sempre.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Só...



Não fui, na infância, como os outro
se nunca vi como outros viam.
Minhas paixões eu não podia
tirar de fonte igual à deles;
e era outra a origem da tristeza,
e era outro o canto, que acordava
o coração para a alegria.
Tudo o que amei, amei sozinho.
Assim, na minha infância, na alba
da tormentosa vida, ergueu-se,
no bem, no mal, de cada abismo,
a encadear-me, o meu mistério.
Veio dos rios, veio da fonte,
da rubra escarpa da montanha,
do sol, que todo me envolvia
em outonais clarões dourados;
e dos relâmpagos vermelhos
que o céu inteiro incendiavam;
e do trovão, da tempestade,
daquela nuvem que se alterava,
só, no amplo azul do céu puríssimo,
como um demônio, ante meus olhos.

[ Não gosto de contos e poesias tanto assim, mas Edgar Allan Poe é magnífico! ]

quinta-feira, 5 de junho de 2008

A teoria do flerte



Um casal está se conhecendo em um lugar qualquer propicio para o desenrolar deste evento peculiar. Enquanto um fala outro ouve e vice-versa, a educação, respeito e absoluta atenção reinam. Os diálogos e micagens que se desenrolam são sobre as histórias de venturas e aventuras passadas por cada um. O marketing pessoal paira no ar, a conversa mantém um teor ingênuo, mas dentro de cada história contada existe um complexo preparo de formulas para aumentar o nível de interesse, apreciação e desejo de ambos.

O homem usa a estratégia de histórias extravagantes onde ele consegue se impor como figura principal, já a mulher fala de um passado complicado, cheio de magoas e conta com entusiasmo como foi sua vitória sobre todos eles. Tanto o homem como a mulher sentem-se empolgados por que eles estão diante de um desafio, então começa o flerte.

O flerte é a mais encantadora porção de diálogos e olhares entre um homem e uma mulher, é a malicia mais inocente que existe, onde olhos brilham, bocas alargam-se com sorrisos deliciosamente encantadores. E pronto! A sorte está lançada!

Narrado dessa forma tudo parece simples e belo, mas no primeiro passo em falso seu mundo pode desabar. O flerte é uma arte que as mulheres dominam naturalmente e a maioria dos homens não tem essa habilidade, porém, por outro lado alguns de nós tem a perspicácia para notar suas nuances.

Após muita conversa é hora do movimento final, o atrito físico mais desejado nesse momento, o beijo. O enlace final foi dado os rostos estão muito próximos para recuar, os dois tem desejo e coragem, mas é hora de saber quem terá a iniciativa. Vamos deixar claro que não é importante quem finaliza a situação, mas sim o que acontece no segundo seguinte.

Quando isso acontece com pessoas maduras a tensão é maior justamente pela experiência de cada um. Com as mãos suando deliberadamente o corpo ganha temperatura. A aproximação dos lábios é intuitiva, com ritmo precavido todas manobras são feitas para estudos e nitidamente se sente os lábios um pouco tensos, a língua levemente retraída.

Com o beijo acontecido chegando ao fim é hora de olhar profundamente dentro dos olhos da pessoa beijada tentando obter um relatório de aprovação.

Difícil, mas é assim que funciona nos dias de hoje. A melhor parte que você deve saber é que a partir do segundo beijo tudo melhora e assim sucessivamente.